CUFA CARD, O CARTÃO QUE INCLUI MORADORES DA FAVELA NA ECONOMIA

05/12/2017

CUFA CARD, O CARTÃO QUE INCLUI MORADORES DA FAVELA NA ECONOMIA

Lançado em julho deste ano, o Cufa Card é um cartão pré-pago voltado à população que não tem acesso aos serviços bancários por não ter como comprovar renda ou estar com o nome sujo.

Criado pela Favela Holding em parceria com a Conta Um, o cartão é ligado a uma conta digital e será aceito em todos os estabelecimentos com bandeira MasterCard no Brasil. Entre seus benefícios estão a ausência de anuidade, a não exigência de comprovação de renda e conta em banco e ausência de consulta ao SPC e Serasa.

“O Cufa Card é a oportunidade do morador de favela poder fazer compras e usar um cartão dignamente, sem precisar comprovar nada a ninguém”, afirma Celso Athayde, CEO da Favela Holding e um dos idealizadores do cartão. Para aderir, há mensalidade opcional de R$ 8 – ele paga apenas se tiver o dinheiro em conta, do contrário também não contrai dívida. Esse valor, no entanto, é revertido em R$ 10 em créditos de celular pré-pagos.

Cufa Card, o cartão pré-pago da favela

Também conhecido como “cartão favela”, o Cufa Card foi criado para beneficiar a vida de empreendedores e consumidores das favelas e periferias e também para movimentar ainda mais a economia destes territórios. “As favelas movimentam cerca de R$ 80 bilhões por ano, é um mercado enorme”, comenta Athayde. Boa parte dessa população, no entanto, não tem acesso aos serviços bancários tradicionais, por estarem com o nome sujo ou por não terem empregos formais. “Com o Cufa Card, isso acabou”, comenta.

O cartão poderá ser usado ainda para saques em caixas eletrônicos e para realizar compras online. Apesar de não fazer compras parceladas, é possível utiliza-lo em algumas operações que pedem cartão de crédito — como em cadastro de Uber, por exemplo. O débito cai na hora e só é autorizado quando há crédito disponível. Por um aplicativo de celular exclusivo, será possível ainda consultar saldo, fazer transferências entre contas Cufa Card e pagar contas. Nenhum desses serviços tem taxa.

O programa promete vantagens também para os comerciantes e empreendedores, principalmente àqueles que têm dificuldade em conseguir as maquininhas de cartão e até mesmo em abrir conta em banco. Quem fizer a adesão vai receber sempre à vista e poderá ainda aceitar pagamentos por transferência entre contas CUFA Cards, sem taxa de operação, taxas de adesão e de manutenção.

O Cufa Card pode ser adquirido pela internet ou com algum dos mais de 60 revendedores espalhados por 31 favelas do Rio de Janeiro e em determinados pontos da cidade. Atualmente, mais de trinta mil pessoas já usam o cartão ativamente.

Empreendedorismo na favela

Um dos idealizadores do cartão da favela, o carioca Celso Athayde é um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), a maior organização não-governamental voltada em favelas do país. Athayde é ainda o criador da Favela Holding e do Data Favela, um instituto de pesquisa e de estratégia de negócios. “O dinheiro que ganhamos com a Favela Holding é redirecionado para a Cufa. Nossa holding tem como objetivo o desenvolvimento do território, o aumento da empregabilidade e o desenvolvimento dos empreendedores locais”, explica.

O trabalho é focado no estímulo do empreendedorismo local. Atualmente, são 178 agências de viagens apenas em favelas, que vendem passagens aéreas a um preço mais em conta para os moradores. O franqueado fica com uma porcentagem das vendas e a holding com outra. “Além de dar protagonismo para esse pessoal, esse tipo de trabalho ainda quebra uma barreira cultural: agora ele compra a passagem porque quem está vendendo é um favelado também. Fica mais fácil entender processos como check in e embarque”, comenta Athayde.

Além das agências de turismo, a holding trabalha com 21 empresas e é responsável ainda pela distribuição de produtos de empresas como Natura e P&G dentro das comunidades. “Saímos da filantropia e estamos dando protagonismo e oportunidade para o pessoal da favela. O Cufa Card é um elo de todo esse grande processo”, comenta Athayde.

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